Temas de Reumatologia

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REUMATOLOGIA

1-Síndrome Anti-fosfolípides

2-Osteoartrite ou Artrose

3-Fibromialgia

4-Gota

5-REUMA VILARICA:Artrite reumatóide,Artrite Reumatóide juvenil,Doença de Behçet, Esclerodermia, Espondiloartrites,lombalgias,reumatismos de partes moles,exercícios e reumatismo e Lúpus.



1- 

SÍNDROME ANTI-FOSFOLÍPIDE

A Síndrome Anti-fosfolípide ou Síndrome do Anticorpo Anti-Fosfolípide (SAAF) constitui um distúrbio auto-imune na coagulação do sangue que causa trombose (coagulação anormal) em artérias e veias, além de complicações na gravidez (abortos repetitivos, pressão alta e prematuridade do bebê). Esta síndrome ocorre devido à produção de anticorpos contra proteínas do próprio organismo (chamados de anticorpos anti-fosfolipídes) que são dosados no sangue através de exames laboratoriais.

Como é realizado o diagnóstico da Síndrome Anti-fosfolípide?

Para a realização do diagnóstico correto é necessário que haja pelo menos uma manifestação clínica de trombose ou de complicações relacionadas à gravidez associados à presença dos auto-anticorpos detectados no sangue através de exames laboratoriais. Somente a presença dos anticorpos no sangue, sem as manifestações clínicas de trombose ou complicações relacionadas à gravidez não constituem a “SAAF”.

Quais são as manifestações clínicas da Síndrome Anti-fosfolípide?

A manifestação de trombose pode ocorrer em qualquer vaso do organismo. No caso das veias, a trombose de membros inferiores é a de localização mais comum. Clinicamente observamos: dor, inchaço e vermelhidão na perna afetada. No caso de trombose do sistema arterial, a manifestação mais comum é de derrame cerebral (AVC: acidente vascular cerebral).

O que é a Síndrome Anti-fosfolípide Primária?

O termo “Síndrome Anti-fosfolípide Primária” é utilizado quando as manifestações da síndrome ocorrem de forma independente, sem a concomitância de outras doenças auto-imunes. Menos frequentemente pacientes com “SAAF” primária podem vir a desenvolver o Lúpus Eritematoso Sistêmico

O que é a Síndrome Anti-fosfolípide Secundária?

O termo “Síndrome Anti-fosfolípide Secundária” é utilizado quando as manifestações da síndrome ocorrem concomitantemente com outras doenças auto-imunes como o Lúpus Eritematoso Sistêmico.

O que é a Síndrome Anti-fosfolípide Catastrófica?

A Síndrome Anti-fosfolípide Catastrófica é uma forma muito rara e grave da “SAAF”. Ocorrem múltiplas tromboses difusas em vasos pequenos, podendo evoluir para a disfunção de múltiplos órgãos.

Como é o tratamento da Síndrome Anti-fosfolípide?

O tratamento desta doença é feito com inibidores da ativação plaquetária e/ou com anti-coagulantes. O objetivo do tratamento é o de evitar novos episódios de tromboses. O controle do uso do anti-coagulante é feito através de um exame laboratorial chamado INR. Geralmente tenta-se manter o INR entre 2.0-3.0, mas variações individuais podem ser necessárias. O controle do uso desta medicação com o INR é muito importante, pois níveis abaixo de 2.0 podem não estar protegendo os pacientes de novos episódios de trombose. De forma oposta, níveis de INR maiores que 3.0 podem propiciar sangramentos. É preciso estar atento a isso, já que muitos medicamentos e até mesmo a alimentação podem aumentar ou diminuir o INR, mesmo que o paciente esteja tomando a mesma dosagem do remédio. Durante a gravidez, um anti-coagulante diferente é utilizado (subcutâneo), em virtude da teratogenicidade dos anti-coagulantes orais. O tabagismo e o uso de medicamentos que contém estrogênio estão contra-indicados.

Retirado do site da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Osteoartrite

Osteoartrite é o mesmo que osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa.
No conjunto das doenças agrupadas sob a designação de “reumatismos”, a osteoartrite é a mais freqüente, representando cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de Reumatologia. Além deste fato, sua importância pode ser demonstrada através dos dados da previdência social no Brasil, pois é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho; é a segunda doença entre as que justificam o auxílio-inicial, com 7,5% do total; é a segunda também em relação ao auxílio-doença (em prorrogação) com 10,5%; é a quarta a determinar aposentadoria (6,2%).
A osteoartrite (artrose) , em conjunto, tem certa preferência pelas mulheres, mas há localizações que ocorrem mais no sexo feminino, por exemplo mãos e joelhos, outras no masculino, como a da articulação coxofemoral (do fêmur com a bacia). Ela aumenta com o passar dos anos, sendo pouco comum antes dos 40 e mais freqüente após os 60. Pelos 75 anos, 85% das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença, mas somente 30 a 50% dos indivíduos com alterações observadas nas radiografias queixam-se de dor crônica.
A osteoartrite (artrose) é uma doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas, entre elas os osteófitos, conhecidos, vulgarmente, como “bicos de papagaio”.
A osteoartrite (artrose) pode ser dividida em sem causa conhecida (dita primária) ou com causa conhecida (dita secundária). As causas desta última forma são inúmeras, desde defeitos das articulações, como os joelhos com desvios de direção (valgo ou varo), até alterações do metabolismo. A participação da hereditariedade é importante, principalmente em certas apresentações clínicas, como os nódulos dos dedos das mãos, chamados de nódulos de Heberden (na junta da ponta dos dedos) ou Bouchard (na junta do meio dos dedos).


Exercícios e osteoartrite

É importante considerar dois aspectos em relação a exercícios e artrose: 1) osteoartrite como conseqüência de exercícios físicos; 2) participação dos exercícios no tratamento da osteoartrite.
A nutrição de uma articulação depende de sua atividade dentro de limites fisiológicos. Portanto, a atividade funcional de uma junta é fundamental para a sua saúde. A inatividade excessiva é nitidamente prejudicial.
Uma articulação pode sofrer através de um trauma agudo ou crônico. O trauma crônico corresponde a uma atividade repetitiva que excede a capacidade que a junta tem de se proteger, através de seus músculos satélites, cápsula e tendões, fazendo com que a cartilagem receba forças excessivas que não está preparada para absorver. Há atividades de trabalho e desportivas, principalmente em esportes que muito exigem de quem os pratica, em que o uso repetitivo das juntas é habitual e que podem determinar dano articular. São exemplos de profissões que podem levar à osteoartrite: os trabalhadores da indústria têxtil, que têm maior prevalência de nódulos de Heberden (nodosidades nas pontas dos dedos das mãos); os trabalhadores que executam tarefas duradouras com seus joelhos em flexão, levando à artrose dessas articulações; os agricultores que têm com freqüência artrose da coxofemoral (junta da coxa com a bacia); os trabalhadores de minas que fazem artrose de joelhos, coxofemorais e coluna. Os atletas de elite estão em alto risco de desenvolvimento posterior de artrose nas juntas que recebem carga. Do mesmo modo, os jogadores de futebol, mesmo aqueles sem história de traumatismos significativos. Parece que os corredores têm maior risco de desenvolverem artrose de joelho e coxofemoral tardiamente. Em indivíduos idosos sem artrose de joelhos, seguidos por 8 anos, foi observado que a atividade física elevada correlacionou com maior risco de desenvolvimento radiológico daquela doença. A atividade física habitual não aumentou o risco de artrose de joelhos para homens e mulheres.
Na avaliação do risco que uma pessoa tem de desenvolver artrose, através da atividade física, é fundamental levar em consideração as condições próprias de sua articulação. Juntas normais podem tolerar exercícios prolongados e até vigorosos sem maiores conseqüências clínicas, mas indivíduos que têm fraqueza muscular, anormalidades neurológicas, juntas defeituosa (por exemplo, joelhos com desvios para dentro ou para fora – valgus ou varus), diferença significativa de comprimento dos membros inferiores, alterações articulares hereditárias ou congênitas (displasias), etc. e que praticam exercícios excessivos que sobrecarregam os membros inferiores, provavelmente acabam acelerando o desenvolvimento de osteoartrite em joelhos e coxofemorais. Deste modo, é importante avaliar a existência das anormalidades citadas em indivíduos que se dispõem a executar exercícios com sobrecarga, com a finalidade de orientá-los, caso elas existam, a desempenharem atividades físicas que não forcem as juntas, como natação, bicicleta, por exemplo. Do mesmo modo, isto é válido para indivíduos que sofreram dano de ligamentos, tendões ou meniscos que estão sujeitos a um desenvolvimento acelerado de artrose das articulações que suportam carga.
Quanto à participação dos exercícios no tratamento das artroses basta acentuar que eles conseguem melhorar o desempenho funcional das juntas, diminuem a necessidade do uso de fármacos, e têm ainda influência sobre o estado geral do paciente, trazendo, inclusive, benefícios psicológicos, podendo atuar modificando possíveis fatores de risco na progressão da doença. Os exercícios são particularmente úteis quando há instabilidade articular. O fortalecimento da musculatura anterior da coxa é fundamental e indispensável no tratamento da artrose de joelho. Os exercícios posturais também são de grande valia. É preciso acentuar, entretanto, que os exercícios devem seguir uma estrita avaliação médica que servirá para indicar o que deve ser feito em cada caso. Não se deve fazer simplesmente exercícios e sim os exercícios adequados e que deverão ser corretamente executados.


Dieta ajuda?

Na osteoartrite, a única dieta que deve ser considerada é a que tem por finalidade diminuir o peso. Nas osteoartrites dos membros inferiores, principalmente dos joelhos, a obesidade é um fator causal, ou, no mínimo, agravante. Sendo assim, é fundamental manter o peso nos limites da normalidade quando são atingidas as juntas que suportam peso. A redução preventiva do peso corporal faz diminuir a incidência de artrose de joelhos. Nos casos já instalados, perder peso é indicação importantíssima do tratamento. Por menor que seja a redução, haverá sempre um benefício. Emagrecer não é fácil, mas o sacrifício é compensado com o alívio dos sintomas e o retardamento da evolução da doença.
Não há nenhuma prova científica de que qualquer outro tipo de dieta tenha influência significativa no tratamento da osteoartrite (artrose).


Crédito:
Drs. Hilton Seda e Antonio Carlos Seda – reumatologistas – RJ

Retirado do site da Sociedade Brasileira de Reumatologia

FIBROMIALGIA – ATUALIZAÇÃO

A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor no corpo todo. É uma doença comum, responsável por cerca de 5% dos atendimentos em clínicas gerais e 15-20% em clínicas de reumatologia, afetando mais o sexo feminino, na proporção de 10 mulheres acometidas para cada homem.

Quais são os sintomas?

Dores musculares, podendo estar associada à diversos outros sintomas como sensação de fadiga crônica, sono não restaurador (acordar cansado), formigamento nas mãos e pés e diminuição da resistência aos exercícios. Sintomas acometendo outros órgãos também podem ocorrer como enxaqueca, síndrome do cólon irritável e síndrome uretral feminina.

 Localização da dor:

 Região suboccipital (atrás da cabeça).No músculo trapézio (em cima do ombro e nas costas).Na região supraespinhal.No pescoço.Na articulação condrocostal (onde a segunda costela se insere no osso esterno.Nos joelhos (principalmente na parte de trás dos joelhos).Na região onde o fêmur5 se encaixa na bacia.Na região glútea.Do lado do cotovelo.

Existe relação com depressão?

Alterações do humor como irritabilidade e tristeza estão presentes na maior parte dos pacientes (cerca de 70%) porém apenas 30% tem o diagnóstico de depressão maior confirmado. Não se pode deixar os sintomas depressivos de lado quando se avalia um indivíduo com fibromialgia pois a depressão por si só piora o sono, aumenta a fadiga e sensibilidade do corpo e diminui a disposição para os exercícios. Quando presente ela deve ser tratada sem perder tempo em descobrir quem chegou primeiro, a dor ou a depressão.

Qual é a causa?

Não existe ainda uma causa conhecida e única para a fibromialgia mas sabe-se que esses pacientes tem uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem a doença. Suspeita-se que ela seja causada por uma somatória de fatores incluindo predisposição  genética, condições ambientais como estilo de vida sedentário e até mesmo traços de personalidade como pessoas perfeccionistas. Existem alguns fatores que podem desencadear o quadro nestes indivíduos predispostos como estresse emocional, traumas físicos repetitivos, estilo de vida sedentário, processos infecciosos e traumas físicos (ex: acidente).

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da fibromialgia é clínico e baseado na análise detalhada da história da dor e outros sintomas. Para o diagnóstico é necessário que a pessoa tenha dor generalizada há mais de 3 meses, tenha distúrbio na qualidade do sono e apresente sensibilidade à dor em pelo menos 11 de 18 pontos pesquisados durante o exame clínico.

Quais exames devem ser feitos?

Não existem exames laboratoriais para comprovação do diagnóstico. Em geral, quando são pedidos, servem para excluir outras doenças que também podem levar a dores pelo corpo e fadiga como o hipotireoidismo, anemia, outras doenças que acometem músculos e articulações, etc.

Qual é o tratamento?

Como não sabemos a causa da fibromialgia o tratamento baseia-se no alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida. Mais do que em outras doenças reumatológicas o tratamento da fibromialgia depende muito da atitude que o doente toma frente à doença.  O médico atua não somente como a pessoa que fornece as medicações mas sobretudo como guia para o tratamento como um todo.


O tratamento envolve 2 pontos principais:


1.  Exercícios físicos: É o melhor tratamento a médio e longo prazo. Os outros tratamentos têm como objetivo principal deixar a pessoa mais disposta para fazer atividade física. O condicionamento aeróbico (caminhada, corrida, natação, etc) proporciona os melhores resultados assim como exercícios de alongamento muscular. Eles devem ser iniciados lentamente e aumentados progressivamente, respeitando-se os limites da dor. Idealmente deve-se praticar exercícios pelo menos 4 x por semana.
2. Tratamento da dor: Em geral são usados analgésicos, relaxantes musculares e antidepressivos em baixas doses para controle da dor e melhora do sono. Não há indicação de corticoesteróides nestes pacientes. As crises de fibromialgia podem melhorar com medidas simples como o repouso e banhos quentes. Técnicas de relaxamento como ioga, meditação, massagens e hidroterapia também amenizam a dor e auxiliam no tratamento. A acupuntura também é frequentemente recomendada para alívio da dor e sintomas de ansiedade e depressão mas seus benefícios se mantém apenas durante o tratamento, não tendo efeitos duradouros. Existem técnicas psicológicas como a terapia cognitivo-comportamental que têm sido usadas com bons resultados na fibromialgia.

 

 

Alguns cuidados são fundamentais para o tratamento da fibromialgia:

 

  • Reduzir o estresse.
  • Dar-se um tempo a cada dia para relaxar.
  • Aprender a dizer não sem culpa.
  • Pessoas que param de trabalhar tendem a ficar pior do que aquelas que permanecem ativas.
  • Aprender técnicas de relaxamento.
  • Fazer uma atividade física orientada por um médico. Em um primeiro momento, o exercício pode aumentar a dor. Mas fazer isso de forma gradual e regular muitas vezes diminui os sintomas2. Exercícios adequados incluem caminhada, ciclismo, dança, natação e hidroginástica. Um fisioterapeuta pode ajudá-lo a desenvolver um programa de exercícios em casa. Exercícios com levantamento de pesos parecem piorar os sintomas.
  • Exercícios de alongamento, melhora da postura (yoga, RPG, Pilates) e relaxamento também ajudam bastante.
  • Manter um estilo de vida saudável: comer alimentos saudáveis, limitar a ingestão de cafeína, fazer algo que você acha agradável todos os dias.
  • Alguns estudos indicam que a acupuntura ajuda a aliviar os sintomas da fibromialgia, enquanto outros não mostram nenhum benefício desta terapia.
  • Massagem. Ela envolve o uso de diferentes técnicas de manipulação dos músculos e dos tecidos moles. A massagem pode reduzir a frequência cardíaca, relaxar os músculos, melhorar a amplitude de movimento nas articulações e aumentar a produção de analgésicos  naturais no organismo.

Posso ficar incapaz para o trabalho pela fibromialgia?

É importante salientar que a fibromialgia não leva à incapacidade física ou a deformidades nas articulações. Não é recomendado que os pacientes fiquem longos períodos afastados do trabalho. Para se evitar as crises é preciso evitar movimentos repetitivos por longos períodos assim como distribuir as tarefas de casa e do trabalho de forma a fazer um pouco a cada dia, alternando os grupos musculares evitando assim a sobrecarga de esforço. Isso pode ser alcançado por medidas simples como evitar fazer a faxina da casa em um só dia; alternar atividades pesadas com atividades leves durante o dia; fazer pequenos alongamentos várias vezes durante o trabalho; etc.

Artigo retirado do site da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Atualização:http://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/182650/fibromialgia+voce+sabe+o+que+e.htm>;.

Veja mais sobre os exercício físicos em: http://www.myos.pt/003-tratnfarm.php

Gota

 


A gota é uma doença inflamatória que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal (hiperuricemia).

O que causa a gota?

O aumento nas taxas de ácido úrico no sangue pode ocorrer tanto pela produção excessiva quando pela eliminação deficiente da substância. É importante saber que nem todas as pessoas que estiverem com a taxa de ácido úrico elevada (hiperucemia) desenvolverão a gota. A maioria dos portadores de gota é composta por homens adultos com maior incidência entre 40 e 50 anos e, principalmente em indivíduos com sobrepeso ou obesos, com vida sedentária e usuários de bebidas alcoólicas com freqüência. As mulheres raramente desenvolvem gota antes da menopausa e geralmente tem mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem.


Quais são os sintomas?

Com o aumento da concentração de ácido úrico no sangue, ocorre a deposição de cristais nos tecidos, principalmente nas articulações, causando inflamação e consequentemente dor e inchaço acometendo principalmente as articulações do dedão, tornozelos e joelhos. A gota é caracterizada, inicialmente, por ataques recorrentes de artrite aguda, provocados pela precipitação, nos espaços articulares, de cristais de ácido úrico. O quadro clássico consiste em dor que freqüentemente começa durante a madrugada e é intensa o suficiente para despertar o paciente. Embora qualquer articulação possa ser afetada, sobretudo as dos membros inferiores, o hálux (dedão) é a articulação mais frequentemente envolvida na primeira crise. Além da dor a articulação comumente apresenta-se inflamada com presença de calor, rubor (vermelhidão) e inchaço. Também pode haver formação de cálculos, produzindo cólicas renais e depósitos de cristais de ácido úrico debaixo da pele, formando protuberâncias localizadas nos dedos, cotovelos, joelhos, pés e orelhas (tofos).


O que pode desencadear as crises de gota?

Alguns fatores podem desencadear uma crise de gota em pessoas hiperuricêmicas como ingestão de álcool, principalmente vinho tinto e cerveja, dieta rica em determinados tipos de alimentos (ricos em purina), trauma físico, cirurgias, quimioterapia e uso de diurético.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da gota é feito sobretudo após um história clínica bem feita asssociada aos exames mostrando níveis elevados de ácido úrico no sangue. Outros exames podem ser solicitados como radiografias e dosagem de ácido úrico na urina.

Qual é o tratamento?

Não há cura definitiva para a gota. O tratamento visa diminuir a dor e inflamação nas crises agudas e a correção da hiperuricemia subjacente com o objetivo de prevenir episódios futuros e evitar lesões nas articulações. É necessário evitar os fatores desencadeantes ou que propiciam a formação de ácido úrico, além de um aumento na ingestão de líquidos para otimizar a taxa de fluxo urinário. A crise aguda de gota pode ser controlada com o uso de colchicina, antiinflamatórios ou a associação de ambos com alívio em geral após 2 horas da dose inicial. Essas medicações devem ser usadas sempre sob prescrição médica e com cautela em pacientes com insuficiência renal, hipertensão, ulceração péptica ou gastrite. Medicações com objetivo específico de diminuir os níveis de ácido úrico também devem ser iniciadas e mantidas a longo prazo, com o cuidado de se aguardar a resolução completa da crise aguda para o seu início. Quando a presença de tofos prejudica a função articular a retirada cirúrgica também pode ser indicada. É importante frisar que a gota não é uma doença incapacitante e quando tratada adequadamente não interfere na qualidade de vida.

E se eu não tratar?

Sem tratamento as crises leves geralmente desaparecem depois de um ou dois dias, enquanto as crises mais graves evoluem rapidamente para uma dor crescente em algumas horas e podem permanecer nesse nível durante uma semana ou mais. O desaparecimento completo dos sintomas pode levar várias semanas. Após a primeira crise em geral o paciente volta a levar uma vida normal, o que geralmente faz com que ele não procure ajuda médica imediata. Uma nova crise pode surgir em meses ou anos e a mesma ou outras articulações. Sem tratamento, o intervalo entre as crises tende a diminuir e a intensidade a aumentar. O paciente que não se trata pode ter suas articulações deformadas e ainda apresentar depósitos de cristais de monourato de sódio em cartilagens, tendões, articulações e bursas.

Dieta:

  • Limitar proteína animal. Evitar ou limitar severamente alimentos ricos em purinas, incluindo vísceras, como fígado e arenque, cavala e anchova. A carne vermelha (vaca, porco e cordeiro), peixes gordos e frutos do mar (atum, camarão, lagosta e vieiras) estão associados com risco aumentado de gota.  Como todas as proteínas animais contêm purinas, limitar sua ingestão a 113-170 gramas por dia.
  • Comer mais proteínas vegetais. Você pode aumentar sua proteína, incluindo mais fontes vegetais, como feijão e legumes.  Essa opção também ajudará a reduzir a gordura saturada, que pode, indiretamente, contribuir para a obesidade e gota.
  • Limitar ou evitar o álcool. Álcool interfere com a eliminação de ácido úrico do corpo. Drinking beer, in particular, has been linked to gout attacks. Beber cerveja, em particular, tem sido associada a ataques de gota.  Se você está tendo um ataque, evitar o álcool. No entanto, quando você não está tendo um ataque, beber u (148 mililitros) porções diárias de vinho não é susceptível de aumentar o seu risco.
  • Beber bastante líquidos, especialmente água. Fluidos podem ajudar a eliminar o ácido úrico do corpo. Aim for eight to 16 8-ounce (237 milliliter) glasses a day. Apontar para oito a 16  copos por dia.
  • Produtos lácteos com pouca ou livre de gorduras. Alguns estudos têm mostrado que beber leite desnatado ou leite com baixo teor de gordura e comer alimentos feitos com eles, tais como iogurtes, ajudam a reduzir o risco de gota.  Objetivo para o consumo de produtos lácteos adequados  (473-710 ml) diariamente.
  • Escolher carboidratos complexos. Coma mais cereais integrais, frutas e legumes e menos carboidratos refinados, como pão branco, bolos e doces.
  • Limitar ou evitar o açúcar. Muitos doces podem deixá-lo, sem margem para dieta baseada em proteínas vegetais e produtos lácteos com pouca gordura ou sem gordura – os alimentos que você precisa para evitar a gota.  Alimentos açucarados também tendem a ser elevados em calorias, de modo que facilitam a comer mais do que é provável que você queime.  Ainda não há debate sobre se o açúcar tem um efeito direto sobre os níveis de ácido úrico, os doces estão definitivamente ligados ao sobrepeso e à obesidade.

Há também algumas evidências de que beber 4-6 xícaras de café por dia reduz o risco de gota .

Orientação da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Dr. Paulo Augusto Alambert